domingo, 2 de setembro de 2012

Uma dose de nostalgia de D. Capitu


 Talvez hoje não fosse o dia certo para relembrar, se é que há. E talvez, o certo fosse tentar desviar meu pensamento, parar de pensar nisto; parar de chorar pelo velho motivo - fui Capitu, e agora pago o preço do arrependimento-. Pago o preço da lembrança doída ao abrir a caixa preta, já desbotada. Suspiro. Nossas fotos.
  É difícil entender o quão complicada a nossa história tornou-se, e entender que há uma porcentagem muito alta que afirma que eu, Capitu de tudo, perdi o meu Bentinho. Em contrapartida, há uma porcentagem mínima que nega, mas com incertezas e inseguranças que não me deixam confiar.
  Com mãos trêmulas que denunciam um sentimento até então desconhecido, e lágrimas amargas de saudade, passo foto por foto, recordando um riso único. Meus olhos se fecham e fazem questão de lembrar cada fração de segundo marcado pela abertura dos seus lábios, acompanhado por um posterior riso, que já citei, mas torno a repetir: único.
  Reparo em seu olhar a cada foto que passo: tão incerto, dono de uma insegurança batizada por dissabores; fracassos anteriores.
   Respiro lentamente, o mais profundo que posso. Eu amo quando ele timidamente sorri de canto. Quando fala, dança e fuma - pensando, observando-. Amo essas características de uma maneira tão indescritível, incomum, que só por isso entendo o que sinto...
  É uma mistura de sensações inexplicáveis que não poderiam conduzir-me a outra conclusão. E agora que entendi, conheci, falo sem choro nem vela; sem medo nem erros; sem entrelinhas ou entre versos: como eu o amo.

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