sexta-feira, 13 de julho de 2012

Beijo de bigodes


  Eu passava em frente da sua quitanda, e meu uniforme denunciava um árduo dia de estudos, mas ele não se importava com isso. Passava eu e mais três amigas minhas: Ana, Cláudia e Beatriz.
  - Boa tarde, Seu Arnaldo.
  - Boa tarde, Carol.
   Nojento.
  - Carol?
  - Sim.
  - Quero lhe mostrar uma coisa na quitanda. Sozinha.
  Fiquei séria. Elas esperavam do lado de fora, e eu entrei. Seu Arnaldo me guiou até a cozinha dos fundos, tirou o seu avental branco, e me colocou sentada em cima do mármore da pia da cozinha. Tirou também o meu uniforme, e me fitou por alguns segundos. Roçou o seu bigode em meu pescoço, e um pouco mais abaixo. Colocou. Meus olhos se arregalaram, os dele se fecharam. Tentei, mas ele conteve o meu grito tapando a minha boca, e embora os meus olhos estivessem cheios de lágrimas, consegui colocar meu uniforme novamente. Saí correndo. Na porta ele me interceptou:
  - Carol?
   Aproximou-se e colocou em minhas mãos balas argentinas. Havia uma porção aquelas na gaveta do armário do meu quarto.

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