sábado, 2 de junho de 2012

Obscuridão da morte, hálito de vida


  Era uma sexta-feira chuvosa, sentei num banquinho esperando o trem. Ao meu lado havia uma senhora já de idade. Em um braço segurava um guarda-chuva preto e velho, no outro segurava algo que se assemelhava com um bebê: pequeno e frágil, completamente enrolado em algo que mais parecia um pano de prato á uma coberta.
  A senhora ninava, balançava e olhava o pequeno embrulho, que parecia não se movimentar. Curiosidade é uma dádiva para quem sabe controla-la de maneira eficaz. Não eu, que educadamente pedi para vê-lo. Lentamente ela desenrolava o embrulho, tornando o seu conteúdo cada vez mais visível, e eu cada vez mais curiosa.
  Deus, como eu desejava não ter visto. A senhora ninava um pequeno cadáver de uma criança.

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